Entenda melhor o cenário da educação brasileira e as mudanças da Reforma do Ensino Médio.
Cenário da Educação no Brasil
Um dos assuntos que sempre vêm à tona quando se fala de mudanças ou melhorias no país é a Educação. Por mais que o país ainda tenha muito o que melhorar nessa área, já é possível identificar avanços no setor. Em 1980, apenas 60% da população entre 7 e 14 anos estava matriculada em uma escola. Segundo o Censo Escolar, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), este número subiu para 99,2% em 2017. O que representa uma grande melhoria nesta faixa etária.
Porém, o Censo também aponta que cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes ainda estão fora da escola. A situação mais alarmante se inicia nos anos finais do ensino básico. Com 1,3 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos fora das escolas. Ao comparar o ano de 2017 com 2014, a queda nas matrículas do Ensino Médio foi de 7,1%.
Segundo a coordenadora nacional de Educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Rebeca Otero, em entrevista à Gazeta do Povo, “há uma baixa taxa de conclusão porque existe uma deficiência grande na fase anterior, no Ensino Fundamental”. Para Rebeca, seria necessário ter mais alunos entrando no ensino médio, para quebrar a barreira do acesso.
Também em entrevista à Gazeta do Povo, o superintendente da Educação da Secretaria de Estado de Educação do Paraná (Seed-PR), Raph Gomes Alves diz que “se o estudante não se sente engajado a estudar, se não percebe que a escola é acolhedora – não só que a escola recebe bem, mas também que consegue ensinar esse jovem – dificilmente ele vai querer estar ali”. A dificuldade na retenção dos alunos destaca pontos que precisam ser melhorados na educação, como a qualidade de ensino, formação dos professores e também, a estrutura das escolas.
O que é a Reforma do Ensino Médio?
Pensando em todo o desafio que a educação brasileira enfrenta, ainda mais relacionado ao Ensino Médio, a reforma vem com o intuito de aproximar ainda mais os alunos das mudanças do mercado de trabalho, acarretando também em uma formação mais atualizada. A reforma em si, nada mais é do que uma mudança na estrutura do sistema de ensino do país.
Uma das propostas do Novo Ensino Médio é a criação Base Nacional Comum Curricular, também chamada de BNCC. Esta base tem o objetivo de tornar padrão toda a estrutura curricular nacional. Além da BNCC, também estarão presentes no Novo Ensino Médio os Itinerários Formativos, que correspondem a outra parte da grade curricular. Esta, é muito mais flexível e proporciona mais autonomia para os estudantes. Nos Itinerários Formativos, os alunos podem definir ativamente a grade, de acordo com seus interesses pessoais e afinidades.
Mas, o que mudou com a Reforma do Ensino Médio?
A reforma propôs algumas mudanças na estrutura do Ensino Médio brasileiro. As principais são:
Ampliação da carga horária
Antes da reforma, a carga horária mínima das escolas era de 800 horas anuais. Com a reforma do Ensino Médio, a carga horária passou a ser de 1.000 horas anuais. Totalizando então em 3.000 horas de ensino médio.
Outra mudança é a ampliação das escolas com ensino integral. A ideia é que os estudantes passem pelo menos 7 horas por dia na instituição, utilizando o período adicional para práticas de esportes, oficinas, realização de estudos e apoio no desenvolvimento do seu projeto de vida.
Mudança curricular
Como dito anteriormente, a grade curricular passa a ser dividida entre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os Itinerários Formativos.
A BNCC é responsável por 60% da grade, com as matérias obrigatórias, como Português e Matemática, e também com as disciplinas tradicionais do Ensino Médio: História, Geografia, Biologia, Química, Física e Língua Inglesa. As disciplinas de Educação Física, Artes e Filosofia haviam sido excluídas no texto inicial da reforma, mas retornaram à base após a a revisão.
Já os Itinerários Formativos correspondem aos 40% do tempo restante. Esta grade será escolhida pelo aluno, levando em consideração os conhecimentos em que ele quer se aprofundar. Vale lembrar que, além disso, deve ser levado em consideração a disponibilidade das escolas da região. O Itinerário Formativo contempla as áreas de: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas/Sociais e Formação Técnica/Profissional.
Neste novo modelo, também torna-se obrigatório que as escolas apoiem os estudantes no seu desenvolvimento do projeto de vida, fazendo com que eles se aprofundem em temas em que possuem talento, aptidão ou afinidades.
Dessa forma, a carga horária do Ensino Médio, após a reforma, passa a ser de 3.000 horas. Sendo 1.800 horas da grade BNCC e 1.200 horas de Itinerários Formativos.
Outras Mudanças
A partir da reforma do Ensino Médio, também se torna possível que profissionais sem diploma de licenciatura ministrem aulas em matérias de Formação Técnica ou Profissional.
Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE), até 2024 cerca de 50% das escolas vão possuir ensino integral. Além disso, cerca de 25% das matrículas do Ensino Básico serão de caráter integral.
O texto também prevê o aumento de escolas com ensino integral. Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE), a ideia é que, até 2024, 50% das escolas possuam este modalidade e que 25% das matrículas da educação básica sejam de tempo integral. Segundo o portal do Novo Ensino Médio o governo investirá cerca de R$ 1,5 bilhão no ensino integral. O plano diz ainda que irá atender 500 mil novas matrículas no regime integral.
Principais dúvidas sobre a Reforma do Ensino Médio
Matérias foram excluídas da grade curricular?
Não. Nenhuma disciplina foi excluída da grade.
Então as disciplinas como Educação Física, Arte, Sociologia e Filosofia devem continuar na grade?
Sim. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional inclui a obrigatoriedade das disciplinas mencionadas acima no ensino médio.
Quais serão os benefícios que a nova estrutura trará aos jovens?
A reforma busca o protagonismo juvenil por meio da escolha do itinerário formativo. Além disso, o estudante terá a oportunidade de ter uma formação técnica e profissional, o que contribuirá para aumentar o interesse dos jovens em frequentar a escola.
Os estudantes receberão orientação para escolher os Itinerários Formativos?
Sim. A escola deverá criar espaços de diálogo e orientação para ajudar no desenvolvimento de projetos de vida com seus estudantes. Dessa forma, o estudante será mais capaz de tomar decisões responsáveis e conscientes com o seu futuro.
Fique atento as notícias e novidades do Ensino Médio no Blog Vai de Bolsa!