Se você está pensando em ingressar na área jurídica, saiba que literatura e direito andam lado a lado. Livros de direito podem ajudá-lo a tornar os estudos mais prazerosos, ao conciliar leitura com teoria. Isso acontece porque o cenário jurídico é muito atrativo e já rendeu incontáveis temas de livros e diversos autores se consagraram com obras de grande relevância para essa área.
Veja a seguir uma lista com 10 livros de direito que, muito provavelmente, você irá se deparar na sua jornada acadêmica. Essas obras são consagradas e certamente vão fazer você compreender melhor sobre a área.
Dicas de livros de direito
Veja a seguir livros direito importantes para a área e que podem ser lidas não só por quem é do ramo jurídico, mas de outros campos do conhecimento.
1- Crime e Castigo (Fiódor Dostoiévski)
Essa é uma das obras mais céleres do autor russo Fiódor Dostoiévski, o romance foi publicado em 1866. O livro conta a história de Raskólnikov, um ex-estudante de Direito da cidade de São Petersburgo. Ele é um jovem pobre e desesperado, que, ao cometer um assassinato, buscará justificar pela teoria de que grandes nomes da história como Napoleão ou César foram também assassinos absolvidos por seus feitos.
Portanto, o livro traz reflexões importantes sobre os feitos de homens comuns e extraordinários, afirmando que os comuns estão sujeitos a submissão das leis enquanto os extraordinários, como Napoleão Bonaparte, têm o aval da sociedade para transgredir as normas vigentes e levar a sociedade para outro caminho ou outro estágio. O livro, portanto, traz um importante questionamento sobre o que é certo e o que é errado.
2- Ressurreição (Liev Tolstói)
Essa obra compõe o grande o trio das obras mais relevantes de Tolstói, juntamente com Guerra e Paz e Anna Kariênina. O livro aborda a história de um príncipe que reconhece, ao ser jurado de um tribunal, uma ré, a qual ele, ainda jovem, engravidou e abandonou fazendo com que seu destino fosse a marginalidade.
A moça foi acusada de prostituição e roubo e recebe a condenação de quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria. Ao tentar ajudá-la, o príncipe enfrenta uma série de conflitos morais e sociais, que são antagônicos ao meio aristocrata ao qual pertence.
Sendo assim, a história aborda um tema clássico, que é a salvação de um personagem do povo por alguém da nobreza, que serve de denúncia dos abusos do estado por aqueles que são menos abastados. Desse modo, o livro fez uma denúncia referente às injustiças cometidas por autoridades das classes dominantes.
3- A revolução dos Bichos (George Orwell)
Esse é uma obra clássica do autor inglês George Orwell. O livro foi publicado no ano de 1945 e faz uma severa crítica aos regimes totalitários, quando os animais, cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, rebelam-se contra seus donos.
A intenção deles é instituir um novo sistema, que seja cooperativo e igualitário. Até que em determinado ponto, os animais que são mais inteligentes sofrem dos mesmos conflitos que compõem o caráter humano, quando, os animais também passam a oprimir outros animais e os privilégios são aproveitados por aqueles que tentam justificar a tirania por poder intelectual. As fraquezas são descritas de forma satirizada e com muito bom humor e o livro é ainda muito atual e uma fábula moderna extraordinária sobre o abuso de poder.
4- 1984 (George Orwell)
É praticamente impossível falar do livro A Revolução dos Bichos e não citar essa grande obra do George Orwell. O livro foi publicado em 1949 e aborda a história de Winton, um trabalhador dissidente do regime totalitário em que está submetido. Acima de tudo, o livro aborda o futuro distópico, uma espécie de realidade estranha que é o pano de fundo da narrativa. A tirania, que é o tema principal do livro é ostensivamente supervisionada e é aplicada pela “polícia do pensamento”, desse modo, quem transgride essa regra, comete o “crime do pensamento”. Todas essas ações são supervisionadas pelo “grande irmão”, não é à toa que existe um famoso programa televisivo de reality show.
A ambientação do livro é um mundo sombrio e opressivo e a história traz reflexões pertinentes sobre a perda da liberdade e manipulação do meio coletivo por meio das mídias, onde não pode existir individualidade de pensamento.
Esse livro profetizou muitas questões que existem nos dias atuais, principalmente sobre uma sociedade em constante vigilância por meio de câmeras. Portanto, um livro de direito indispensável se você deseja saber mais sobre a tirania e a perda de liberdade.
5- A Cidade Antiga (Numa Denis Fustel de Coulanges)
Se você é estudante de direito, ou tem interesse por história antiga, certamente essa obra será muito útil. Provavelmente algum professor de direito recomende a você a leitura desse livro, caso você esteja ingressando em um curso jurídico.
O livro expõe como eram as relações dos antepassados, que eram estabelecidas através de ritos, que com o passar dos séculos foram ultrapassados. Ele investiga as origens mais afastadas da cultura grega e romana. O ponto fundamental é justamente quem podia gozar dos privilégios das leis, que no caso, só podia usufruir quem era da aristocracia, fato que gerou desconforto à plebe, originando as primeiras revoluções, alterando o fundamento da sociedade.
O livro é uma farta documentação e tem rigor científico para entender melhor como a evolução das cidade-estado, instituições jurídicas, familiares e políticas. Portanto, é uma obra clássica para quem é estudante de direito e gosta de historiografia moderna.
6- O Queijo e os Vermes (Carlo Ginzburg)
Esse é um livro que retrata as ideias e o cotidiano de Domenico Scandella, conhecido como Menocchio, um moleiro perseguido pela inquisição. A obra é um resgate histórico de um herege do séc. XVI, que sofre perseguição pela igreja católica ao questionar as ideias prevalentes da época.
O livro trata de documentos que relatam os questionamentos discutidos entre o moleiro e os inquisidores que compõem os processos que o condenaram. Essa é uma obra que traz o diálogo entre história e direito, sendo assim, certamente trará várias reflexões sobre valores e questionamentos sobre aquilo que se tinha como verdade absoluta.
7- O Processo (Franz Kafka)
É impossível fazer uma lista de livros de direito não citar O Processo. é nessa obra que contém a famosa parábola Diante da Lei. O livro conta a história de Josef K., que ao acordar, sofre um longo e incompreensível processo. A narrativa se desenrola sem esclarecer ao leitor qual foi o crime praticado pela personagem.
Desse modo compõe um estilo próprio do Kafka, que é a composição dos elementos narrativos em que o leitor tem a sensação de estar também aprisionando, se sentindo sufocado pela angústia de algo que não se desenvolve.
Ao ler essa obra, certamente, você se identificará pelos absurdos burocráticos que a personagem sofre, pois muitas situações são familiares a qualquer um no dia a dia.
8- Vigiar e Punir (Michael Focault)
Esse é um livro de direito que se destina mais especificamente ao direito penal. A obra traz um reflexão filosófica sobre o modo de pensar sobre os sistemas penais no ocidente.
Ele busca examinar os mecanismos de vigilância e punição que atravessam qualquer esfera, sejam nos hospitais, prisões ou escolas. É uma obra fundamental para compreender quais são as funções e os efeitos colaterais causados pelo efeito de castigar.
Essa é uma obra de amplo espectro filosófico, destinado não somente aos profissionais da área do direito, mas também aqueles que fazem parte de diversas outras instituições.
9- O Auto da Compadecida (Ariano Suassuna)
Essa é uma obra que ficou conhecida através do filme de mesmo nome interpretado por Selton Melo como Chicó e Matheus Nachtergaele, como João Grilo, e foi uma obra escrita originalmente para o teatro.
Esse é um livro de direito relevante para os estudos jurídicos pela incrível cena, onde João Grilo é julgado por Nossa Senhora Aparecida. Desse modo, a narrativa mescla elementos do folclore com elementos jurídicos, garantindo uma boa fluência e bom humor na leitura.
Certamente, você dará boas gargalhadas com essa obra e, ainda, ajudará você a compreender os elementos de um julgamento.
10- Memórias do Cárcere (Graciliano Ramos)
Essa é a última obra da lista, escrita por Graciliano Ramos durante o exílio que sofreu por conta do seu posicionamento político durante o Estado Novo da era Vargas.
O livro traz o gosto amargo por parte daquele que sofre tortura, portanto não é uma narrativa ficcional, mas um relato que denuncia a prepotência de um regime ditatorial. O livro foi publicado postumamente e são quatro volumes ao todo de relatos tensos e amargos.
O livro traz à tona a realidade as situações vividas pelo autor por meio de uma condenação sem processo e com o argumento de ter ligação com o partido comunista. O livro ajudará você a refletir sobre alguns temas atuais, como o que é um preso político.
Boa leitura!
Agora que você já sabe quais livros direito são interessantes para conciliar estudo e leitura de fruição, certamente, será mais fácil lidar com a teoria jurídica. Vale lembrar que essas são obras consagradas e servem de aprendizado não somente para quem é da área do direito, mas atingem também o público leigo, aqueles que gostam de uma boa narrativa, sendo ela, historiográfica, ficção ou autobiografia.
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