Você já ouviu falar do Global Teacher Prize? Ele é conhecido como o Nobel da Educação, o maior evento educacional do planeta com um prêmio de US$ 1 milhão.
A iniciativa desta premiação global anual veio da Fundação Varkey que, em 2013, solicitou a uma empresa de consultoria que levantasse, em 21 países no mundo, dados acerca da educação de forma aprofundada.
O propósito desta iniciativa era compreender o status do professor nessas localidades, a média salarial, o papel social que desempenham em seus países e qual o impacto de sua atuação nos sistemas escolares e no desempenho dos alunos.
A análise dos dados coletados indicaram alguns pontos de atenção como a desvalorização da função do professor e a consideração de sua função semelhante a de um assistente social, além dos baixos salários.
Impressionado com os resultados, Sunny Varkey, presidente da Fundação, instituiu o Global Teacher Prize como uma resposta à desvalorização da função do professor ao reconhecer práticas docentes revolucionárias ao redor do globo.
O Nobel da Educação também conta com o apoio do Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum, vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos e primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos e governante de Dubai.
Em 2018, uma nova pesquisa e relatório foram produzidos, constatando que salários altos e valorização da profissão do professor são essenciais para a melhoria do desempenho dos estudantes.
1ª edição do Global Teacher Prize
Após as pesquisas realizadas em 2013, a realização do Global Teacher Prize, o Nobel da Educação, teve sua 1ª edição em 2014.
Com números muito significativos, ela contou com a mais de 5 mil inscritos de 127 nações diferentes.
O prêmio concedido é de 1 milhão de dólares, um valor significativo a fim de realmente marcar o evento e valorizar de forma expressiva o professor ganhador e suas iniciativas que fazem a diferença na instituição de ensino em que atua e na comunidade em que está inserido.
Vencedor do Prêmio Nobel da Educação 2019
O vencedor do Global Teacher Prize 2019 foi o professor Peter Tabichi, o qual recebeu US$ 1 milhão em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde ocorreu a premiação.
Peter é professor de ciências na Escola Secundária Keriko, Nakuru, no Quênia. É uma escola rural no semiárido do país, com recursos escassos e problemas sérios como drogas, suicídio, gravidez precoce, pobreza, fome e abandono escolar.
Veja algumas ações Peter que fizeram e fazem toda a diferença na vida dos alunos e na rotina da instituição:
- Visita todos os seus alunos a fim de conhecer sua realidade e identificar os desafios que enfrentam no dia a dia;
- Doa 80% de sua renda para ajudar as pessoas mais carentes;
- Uso de TIC’s em sala de aula, mesmo com apenas 1 desktop na escola;
- Expandiu o Clube de Ciências da escola e criou um programa para revelação e desenvolvimento de talentos, que resultou na qualificação de 60% de seus alunos para competições nacionais;
- Participou e recebeu premiações, junto com grupos de alunos de séries diferentes, competições nacionais e internacionais.
Resultados alcançados:
- Aumento no número de matrículas na escola;
- Aumento do desempenho escolar dos alunos;
- Redução dos casos de indisciplina;
- Aumento do número de alunos que ingressaram no Ensino Superior.
O engajamento social e a vontade de ver transformada a vida dos seus alunos, da sua escola e da comunidade em que vive, renderam a Peter o Prêmio Nobel da Educação 2019!
Histórico do Brasil no Nobel da Educação
História de luta e superação, práticas de ensino inovadoras e eficazes, propostas como soluções alternativas para superação dos desafios de professores, estudantes e comunidades.
Tais iniciativas alcançaram resultados incríveis, impactaram muitas vidas e tornaram-se exemplos a serem replicados.
É dessa forma que o Brasil também está fazendo história no Prêmio Nobel da Educação. Tanto na edição de 2018 quanto na edição de 2019 tivemos participantes brasileiros entre os 10 finalistas.
Vamos conhecê-los?
2018 – Diego Mahfouz Faria Lima
Com 30 anos e uma grande vontade de mudar sua realidade e a de seus alunos por meio do ensino, o professor Diego Mahfouz não ficou parado e promoveu ações que mudaram a escola Darcy Ribeiro em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, onde ele leciona.
A comunidade onde a escola está localizada enfrenta sérios problemas como o tráfico de drogas e violência de vários tipos, além da pobreza que é fator predominante.
A escola era considerada uma das piores da região. As salas pichadas e queimadas, carteiras quebradas, e o primeiro dia de trabalho do professor Diego foi marcado por mais atos de vandalismo: colocaram fogo no banheiro, viraram os latões de lixo e jogaram maçãs nele.
Mas, como o próprio Diego relatou, sua postura foi dizer-lhes: “eu confio em vocês, eu não vou embora, eu quero ouvir vocês”.
A partir do investimento do professor, algumas ações e mudanças ocorreram e que transformaram a vida da escola e da comunidade
Resultados alcançados:
- Reforma da escola numa parceria entre funcionários, alunos e seus familiares;
- Revitalização de um dos muros da escola antes utilizado como “ponto” de drogas;
- Controle de presença dos alunos e visita aos faltosos, a fim de identificar o motivo do não comparecimento e auxiliar nas demandas necessárias;
- Implantação de uma dinâmica de mediação de conflitos a partir do diálogo como enfrentamento da violência, bulling;
- Implantação do projeto “Prata da Casa”, momento em que alunos e comunidade podem mostrar seus talentos na escola por meio de apresentações, nas sextas-feiras e aos fins de semana.
- Exclusão das suspensões de alunos das aulas;
- Redução do alto índice da evasão escolar;
- Melhora significativa no desempenho dos alunos.
Diego olhou para os alunos e para a comunidade escolar, viu todo o seu potencial e, com muita resiliência e trabalho, a história de muitos foi transformada!
2019 – Débora Garofalo
A constante reclamação em relação ao lixo da comunidade por parte dos alunos aliada à vontade de inovar e poder mudar a vida de seus alunos, deu início ao Projeto “Robótica com sucata promovendo a sustentabilidade”.
Débora Garofalo, professora há 20 anos, sendo 14 deles na rede pública, é a professora responsável pela criação do projeto. Atua na Escola Almirante Ary Parreiras na zona sul de São Paulo dando aula de tecnologias para alunos entre 9 e 14 anos.
Formada em Pedagogia, sua entrada na educação foi a partir da alfabetização e das aulas de Língua Portuguesa, mas apaixonou-se pelas tecnologias em 2015 e ingressou na área sem querer mais sair. Também cursa Mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).
Resultados alcançados:
- Mais de 700 kg de lixo retirados das ruas e utilizados nos projetos de robótica;
- Redução dos índices de violência da escola e da comunidade;
- Melhora do desempenho estudantil dos alunos;
- Diminuição da evasão escolar;
- Expansão do projeto para outras escolas e criação de um currículo de novas tecnologias, incluindo Programação e Robótica, nas escolas municipais de são Paulo.
O alcance do trabalho de Débora impressiona. Além do seu constante compartilhamento de conhecimento e ideias práticas em meios de comunicação nacionais, compartilhamentos em palestras e oficinas, treinamentos de outros professores em Robótica, seu trabalho também tem influenciado a construção de diretrizes e bases para o ensino de tecnologias no país.
Agora, com a participação no Global Teacher Prize, as ideias de Débora poderão ser compartilhadas com o mundo!
Brasil e boas práticas na educação
São milhares de inscrições todos os anos para participação do Global Techar Prize, e ter professores brasileiros reconhecidos pelas suas iniciativas transformadoras é motivo de orgulho por fazer parte deste povo!
Muitos são os desafios, mas também muitas as ideias de como transformar a escola e a sala de aula em ambientes de formação cidadã e de capacitação dos alunos para poderem atuar e intervir na sociedade!
Tem alguma sugestão, alguma experiência vivida de práticas transformadoras na educação?
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