Enem Digital: entenda as principais mudanças e os impactos

Em julho deste ano, o  Ministério da Educação (MEC) anunciou a implantação do Enem Digital. A previsão é que já em 2020 a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) seja aplicada no formato digital. Isso acontecerá em um projeto teste, inicialmente em 15 capitais brasileiras.

A digitalização do Enem divide opiniões: a proposta é tornar a prova mais moderna, ágil e econômica. Por outro lado, os processos digitais não estão organizados e em alguns casos nem mesmo acessíveis a boa parte da sociedade.

Mas antes de tomar um lado, convido você a entender as principais mudanças trazidas pelo Enem digital, os prazos e os principais impactos. Confira!

O que muda no Enem

O Exame Nacional do Ensino Médio vai passar por uma transição: deixará de ser aplicado no papel para ser aplicado no formato digital em computadores de instituições de ensino das cidades participantes.

Mas as mudanças não param por aí.

Conforme anunciado pelo Ministério da Educação, além da mudança no formato,o Enem digital passará a ser aplicado mais vezes durante o ano. 

As provas objetivas e de redação são aplicadas no mês de novembro para estudantes em geral e em dezembro para privados de liberdade (PL) e alunos que tiveram algum impedimento para realizar a prova na data inicial.

A informação partiu do presidente do Inep, Alexandre Lopes, que explicou que a meta é que em 2026 o Enem digital já seja aplicado quatro vezes ao ano.

Eventualmente, para todas essas aplicações do Enem digital o governo realizará provas com conteúdos diferentes.

Projeto-piloto Enem Digital

A transição para o Enem digital será feita em etapas. Em 2020 o Enem digital será aplicado em formato de pré-projeto em 15 capitais brasileiras:

  • Belém (PA),
  • Belo Horizonte (MG),
  • Brasília (DF),
  • Campo Grande (MS),
  • Cuiabá (MT),
  • Curitiba (PR),
  • Florianópolis (SC),
  • Goiânia (GO),
  • João Pessoa (PB),
  • Manaus (AM),
  • Porto Alegre (RS),
  • Recife (PE),
  • Rio de Janeiro (RJ),
  • Salvador (BA) e
  • São Paulo (SP).

Isso significa que a modalidade digital ainda será opcional nesses locais e os estudantes devem escolher entre os dois formatos no momento de inscrição.

Serão abertas 50 mil vagas para o Enem digital, o que equivale a 1% do total de candidatos. E o valor da inscrição será o mesmo para ambos os casos, pelo menos na fase teste.

Com o projeto-piloto, o Exame será aplicado três vezes no ano: uma para os estudantes regulares, outra para os privados de liberdade (PL) e outra para o formato digital.

Confira as datas previstas do Enem 2020:

  • 11 e 18 de outubro – Enem digital
  • 01 e 08 de novembro – Enem tradicional
  • Dezembro – Aplicação da prova para PL

Justamente por se tratar de um projeto para testes, os estudantes que tiverem problemas com o Enem digital poderão realizar o exame no período de reaplicação. 

A reaplicação ocorre quando estudantes são prejudicados por intercorrências, como chuvas e falta de energia, e ganham o direito de fazer a prova em outra data.

O que acontece depois?

De acordo com o planejamento do Ministério da Educação, a intenção é que até 2026 o Enem digital seja implantado em todo o país e tenha quatro aplicações.  

Posteriormente, o Enem digital deverá ser agendado, possibilitando que o exame seja aplicado ao longo do ano e em várias versões.

A aplicação das provas em formato digital terá um custo de R$20 milhões, com custo médio de R$400 por aluno (o projeto-piloto prevê 50 mil vagas). Hoje, o custo da aplicação do Enem é de R$500 milhões e atende 5 milhões de estudantes. Uma média de custo de R$100 por aluno.

Prós e contras do Enem Digital

Como já era de se esperar, a mudança no formato de aplicação do Enem trouxe muitos debates.

O Governo Federal defendeu o formato digital afirmando que este novo modelo irá trazer mais economia. Afinal de contas, não haverá gastos com a impressão. 

Além disso, o Enem digital permitirá novos formatos de questões, com a utilização de vídeos, infográficos e até mesmo a gamificação.

Já a correção é outra novidade: os estudantes poderão receber a prova corrigida em seus smartphones e verificar se houve algum erro para possível contestação. 

Consequentemente, os resultados serão divulgados em um período de tempo bem mais curto que o atual. Por outro lado, o novo formato do Enem já chama a atenção pelos desafios de acesso aos computadores.

É  que apenas 38% das escolas públicas possuem laboratórios de informática e desse total, só 67% têm acesso a Internet. Certamente, nem todos os estudantes terão a mesma facilidade em realizar a prova, e isso pode prejudicar grande parte dos alunos inscritos.

O MEC defende que até 2026 a infraestrutura das escolas públicas será outra, e acredita que esse desafio já está superado. Além disso, informou que não irá adquirir computadores para a realização do Enem Digital. 

Dessa forma, será necessária a contratação de uma empresa especializada para organizar, cuidar dos equipamentos e também aplicar a prova. 

Por consequência, isso pode significar mais gastos, já que esse processo de contratação exige um processo mais cuidadoso e, consequentemente, longo.

O Enem digital deverá acontecer em universidades e outros espaços alugados, já que as redes de ensino público não possuem a estrutura adequada. 

Segurança da prova

Uma das questões que mais preocupa quando o assunto é o Enem Digital é a segurança e a confiabilidade das provas.

Especialistas afirmam que é necessário que todas as informações relacionadas a prova sejam criptografadas e sem a possibilidade de quebra do código.

Com esses cuidados tomados, apenas o destinatário final teria acesso ao conteúdo.

Outra questão levantada na área de segurança é a necessidade da adoção de programas confiáveis, tendo como opção os softwares livres.

O MEC aposta na segurança do processo e tranquilizou os alunos quanto a isso. Mesmo assim, muitas dúvidas ainda restam sobre a confiabilidade do Enem digital.

Novo Ensino Médio

O MEC defende que o Enem Digital se adequa a proposta do novo Ensino Médio, que está em fase de implantação.

Neste modelo educacional, os estudantes terão uma formação base e poderão escolher uma especialização pelos chamados itinerários informativos:

  • Linguagens,
  • Matemática,
  • Ciências da natureza;
  • Ciências humanas;
  • Ensino técnico.

Dessa maneira, quando o Enem digital já estiver implantado em todo o país, ele estará de acordo com o novo plano base do Ensino Médio.

Sendo assim, no Enem digital serão aplicadas a prova base e também  modelos de acordo com o itinerário escolhido durante a formação do aluno.

Consulta pública

A discussão sobre a adoção do Enem em formato digital não começou agora. Desde 2012, ocorre um debate sobre essa inovação, que foi defendida pelos últimos presidentes do Inep.

A última consulta pública sobre o tema foi realizada em 2017. Na época, o MEC abriu uma discussão sobre como melhorar o Enem e apresentou três questões objetivas que tratavam de:

  • Mudanças das datas de aplicação das provas;
  • Possibilidade de aplicação por computador;
  • Sugestões para aprimoramento do exame;

O resultado foi que 70,01% dos participantes disseram não concordar com o formato digital do Exame.

Independentemente do formato, os estudantes já estão se preparando para o exame e você não pode perder tempo!

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