Biólogo marinho, o que faz? Essa pergunta é muito comum por quem tem interesse em ingressar na área. Na prática, entre as atribuições do biólogo marinho, está o estudo dos organismos que vivem nos ecossistemas marinhos e as relações entre eles e o meio ambiente. Além dos oceanos, aprofunda também os ecossistemas de mangues, praias, costões, recifes, e qualquer lugar onde possa ter vida marinha.
O aquecimento global e a poluição nos oceanos são alguns dos problemas que têm atraído a atenção de muitas pessoas para o estudo da biologia marinha como forma de minimizar esses impactos. Casos como vazamentos de óleo em alto mar são um exemplo bem comum, com impactos na fauna e flora marinha.
Todos estes fatores recentes fazem com que a profissão esteja em alta no momento. O biólogo marinho deve entender não só de seres vivos, mas também de outras questões que envolvem o estudo dos oceanos. Entre elas estão: salinidade, pH do meio aquático, profundidade, pressão, iluminação, ondas e marés. Além disso, ele não estuda só peixes, golfinhos e baleias. Estuda outras espécies de animais como crustáceos, moluscos, corais, algas e plânctons.
A biologia marinha está relacionada com outras ciências como: ecologia, oceanografia, zoologia e botânica. Sendo assim, o biólogo marinho pode trabalhar em equipes multidisciplinares. Quer saber mais sobre essa área, o que o biólogo marinho faz, qual é o salário de um biólogo marinho, sobre o curso e mais detalhes sobre a profissão? Fique com a gente!
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Algumas atividades que os biólogos marinhos fazem
Qual é a atuação do biólogo marinho? Esse profissional pode trabalhar tanto em laboratórios quanto em atividades nos oceanos. Também pode atuar em empresas cuidando de temas ambientais. Dentre algumas funções, citamos:
- Consultor de pesca: avalia e orienta quanto as políticas de gestão pesqueira. Faz com que a pesca seja uma atividade sustentável levando em conta a população de peixes e outros animais marinhos.
- Consultor em empreendimentos de aquicultura: trabalha junto à produção de alimentos derivados de animais marinhos, atuando no controle de qualidade e garantia de sustentabilidade.
- Proteção e educação ambiental: atua junto à Organizações Não Governamentais (ONGs) e projetos que defendem a vida marinha.
- Pesquisa: pode trabalhar em laboratórios, universidades, institutos de pesquisa de monitoramento de oceanos, lagoas e rios.
- Escolas e Universidades: pode lecionar matérias relacionadas aos estudos da biologia marinha.
- Atividades com animais marinhos: pode trabalhar em zoológicos, parques temáticos com animais, empresa de mergulho e outras que mantenham animais em cativeiro, garantindo sua segurança e orientando sobre preservação.
Em qualquer uma dessas funções, um biólogo marinho deve conhecer de forma aprofundada os animais e também as variáveis ambientais como salinidade e nível de acidez da água, profundidade, pressão, iluminação, marés, entre outros fatores.
É preciso ressaltar também que um biólogo marinho quase sempre trabalha em equipes multidisciplinares com outros profissionais, como oceanógrafo, zoológicos, botânicos e geólogos.
Qual é o salário de um biólogo marinho?
Embora a profissão já seja regulamentada desde 1979, ainda não tem piso salarial definido. O Conselho Federal de Biologia (CFBio) recomenda que o piso seja considerado o mesmo de outras categorias de nível superior como a dos engenheiros.
Esse valor é firmado por lei, o que correspondente a 8,5 salários mínimos para jornada de 40 horas semanais ou de 6 salários mínimos pelo trabalho de 30 horas semanais. Porém, os valores de referência não estão previstos em lei.
De acordo com informações do site Vagas.com.br, a partir de dados do Governo Federal, um biólogo ganha no Brasil um salário base de R$ 2.332, com teto em R$ 4.056. O salário de um biólogo marinho não foge muito desta média. No entanto, alguns órgãos públicos oferecem ao biólogo marinho um salário mais alto, como por exemplo, a Petrobras, que oferece para cargos iniciantes cerca de R$ 6 mil para desenvolvimento de estudos de impacto na vida marinha na exploração de petróleo.
Outro concurso público muito disputado é o do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), com vencimentos acima de R$ 5.500 para biólogos marinhos. Há também o ICMBIo (Instituto Chico Mendes), que trabalha com as unidades de preservação, onde o salário pode ultrapassar R$ 7 mil.
Algumas ONGs também oferecem salários parecidos com os cargos públicos.
Onde estudar biologia marinha?
Existem três opções para quem quer ser biólogo marinho. A primeira é fazer os cursos de Ciências Biológicas, onde no meio do curso, o estudante opta por uma área, sendo esta biologia marinha – o que é o caso da maioria deles.
A segunda opção é fazer o curso de biologia marinha (existem alguns no Brasil). A terceira opção é cursar ciências biológicas e depois se especializar em biologia marinha através de uma pós-graduação. As principais universidades que oferecem o curso para a formação do biólogo marinho estão concentradas nas regiões sul e sudeste do Brasil. Veja a seguir algumas instituições que oferecem essa formação:
Universidades públicas
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no Rio de Janeiro. O estudante que faz Ciências Biológicas na UFRJ na modalidade bacharelado, opta no final do curso por várias modalidades, entre elas a biologia marinha. O curso de biologia marinha é o mais antigo do Brasil, criado em 1968. O aluno de ciências biológicas começa os estudos específicos no 5º período da faculdade.
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Imbé. O curso de ciências biológicas com ênfase em biologia marinha e costeira da UFRGS é uma parceria com a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul onde cada uma das duas universidades oferecem 20 das 40 vagas disponíveis. O aluno, assim como na UFRJ, opta pela ênfase no decorrer do curso.
- Universidade Estadual Paulista (UNESP) em São Vicente. No campus de São Vicente, a UNESP oferece, no curso de bacharelado em ciências biológicas, a habilitação de biologia marinha e/ou gerenciamento costeiro, podendo cursar ambas. Os alunos têm diversas aulas de saída de campo para coleta de materiais e utilização de laboratórios didáticos.
- Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói. O curso de bacharelado também se inicia nos conhecimentos gerais de ciências biológicas e como o passar do tempo, o aluno opta por uma área de especialização, entre elas a biologia marinha.
- Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Laguna. O Estado de Santa Catarina possui 15 Unidades de Conservação federais, 9 estaduais, 22 reservas particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e inúmeras áreas municipais e privadas. Sendo assim, observa-se a importância do estado para o estudo das questões relacionadas a meio ambiente e preservação marinha. Sendo assim, a Udesc optou por oferecer o curso de biologia marinha na cidade de Laguna que fica bem no centro de uma das principais área de proteção ambiental do estado, a Baleia Franca.
Universidades particulares
- Universidade Santa Cecília (UNISANTA) em Santos – SP. O curso de bacharelado em ciências biológicas da UNISANTA já é com ênfase em biologia marinha. A universidade oferece um laboratório de ecotoxicologia que realiza importantes estudos ecológicos e ambientais e presta consultoria na baixada santista para vários órgão públicos e privados.
- Universidade da Região de Joinville (Univille) em São Francisco do Sul – SC. Assim como os outros cursos de biologia marinha, a base de estudo é a mesma das ciências biológicas, porém, na Univille, o estudante já opta desde o início pelo curso de bacharelado em biologia marinha. Os estudos são feitos em campo na cidade de São Francisco do Sul, na conhecida Baía de Babitonga, considerada um dos ecossistemas mais ricos do Brasil. Além de laboratórios próprios, o acadêmico visita ambientes de restinga, manguezal, floresta, dunas, ilhas, entre outros.
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Como é o curso de biologia marinha?
Como exemplo, segue a grade curricular do curso de bacharelado em ciências biológicas opção biologia marinha da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). As disciplinas e formatação dos cursos variam entre as universidades, mas em geral seguem a mesma linha, portanto este exemplo já te dará um norte do que você estudará caso opte por esta graduação.
Primeiro o aluno cursa as matérias de biologia geral, estas são:
- Botânica I e II;
- Zoologia de invertebrados I e II;
- Biofísica;
- Biologia celular;
- Química geral;
- Introdução à ecologia;
- Introdução à geologia;
- Cálculo;
- Histologia animal;
- Biologia molecular;
- Imunologia;
- Química orgânica;
- Ambiente e sociedade;
- Zoologia de vertebrados I e II;
- Ecologia de populações e comunidades;
- Genética geral;
- Biologia parasitária;
- Bioquímica;
- Anatomia e embriologia animal;
- Microbiologia geral;
- Ecologia de ecossistemas e paisagens;
- Evolução;
- Genética molecular;
- Metodologia científica;
- Física aplicada;
- Legislação e licenciamento ambiental;
- Anatomia;
- Morfologia e fisiologia vegetal;
- Fisiologia animal;
- Bioinformática;
- Estatística aplicada;
- Genética ecológica;
- Limnologia;
Depois, lá pelo meio do curso, o aluno inicia as matérias específicas da biologia marinha:
- Geologia costeira e marinha;
- Meteorologia marinha;
- Geoprocessamento e cartografia;
- Sistemática e biologia de algas;
- Ictiologia;
- Oceanografia;
- Ecologia de Bentos;
- Topografia aplicada à morfologia costeira;
- Dinâmica de populações marinhas;
- Planctologia;
- Gestão de ambientes costeiros e marinhos;
- Qualidade da água
- Aquicultura costeira e marinha;
- Poluidores ambientais;
- Sensoriamento remoto dos oceanos;
- Mamíferos marinhos;
- Aves e répteis costeiros marinhos;
Durante o curso, o estudante deve fazer pelo menos três matérias optativas. As opções são:
- Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) – EaD;
- Métodos de Educação Ambiental;
- Técnicas de Amostragem em Biologia Marinha;
- Vegetação Costeira;
- Biologia Pesqueira;
- Biogeografia;
- Avaliação de Impacto Ambiental;
- Manejo de Fauna Silvestre;
- Conservação e Manejo de Áreas Protegidas;
- Reprodução de Peixes e Estratégias de Repovoamento;
- Avaliação e Manejo de Recursos Pesqueiros;
- Sistemas Alternativos de Produção;
- Matemática Financeira;
- Observação Científica de Bordo;
- Técnicas de Pesca;
- Prática em Técnicas de Biologia Molecular;
- Estratégias Alimentares para Fauna Silvestre e em Reabilitação;
- Microbiologia Ambiental.
Na última fase do curso, o aluno deve fazer um estágio curricular supervisionado e um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Biologia marinha e oceanografia, qual a diferença?
É bastante comum a dúvida sobre as diferenças entre biologia marinha e oceanografia. Em resumo, na oceanografia, o profissional estuda o ramo das geociências, com foco nos mares e zonas costeiras. Dentro da oceanografia, há a oceanografia química, física, biológica, social e geológica. Portanto, enquanto a biologia marinha estuda seres vivos marinhos com base em dados biológicos e ecológicos, a oceanografia tem foco nos processos e no ambiente marinho como um todo.
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