O que significa paleontologia? Quando pensamos num paleontólogo, logo imaginamos alguém vestido igual ao Indiana Jones, estudando dinossauros e seus fósseis em altas aventuras. Brincadeiras à parte, a paleontologia vai além disso. Essa área do conhecimento estuda registros pré-históricos de seres vivos que estiveram no nosso planeta, sejam animais, plantas, fungos e bactérias.
Mas, na prática, o que a paleontologia estuda? O paleontólogo estuda a história da Terra, analisando fósseis preservados em rochas sedimentares. Assim, nos ajuda a entender o mundo e os processos evolutivos dos seres que habitaram o planeta. Além de mostrar como a vida na terra sempre está em constante transformação.
Dessa forma, quem se interessa por evolução e história da vida na Terra, com certeza consegue pensar em estudar Paleontologia, não é? Continue lendo o texto, saiba mais detalhes sobre essa linha de estudo e como atuar numa área tão interessante. Vamos falar sobre cada uma das cinco áreas da paleontologia, das técnicas de datação e conservação de fósseis e sobre os sítios paleontológicos do Brasil.
Boa leitura!
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O que estuda a paleontologia?
A paleontologia estuda a evolução geológica e histórica da Terra, a partir de materiais biológicos, como os fósseis. Assim, o profissional da área é responsável por pesquisar, identificar e catalogar esses objetos, os quais podem ter base em plantas, animais e fungos, por exemplo.
Tudo isso é muito importante porque, com trabalhos como esse, podemos compreender detalhes sobre momentos geológicos da Terra e como seres pré-históricos eram compostos biológica e ecologicamente. Assim, temos uma ideia de como seres vivos evoluíram ao longo do tempo e como esse processo influenciou os organismos complexos de hoje em dia.
Além disso, com pesquisas em paleontologia, conseguimos entender mais sobre o aparecimento e desaparecimento de espécies pré-históricas, como os dinossauros e outros animais e plantas.
Vale lembrar que a paleontologia não estuda apenas os dinossauros. Na verdade, ela está ligada a outras áreas igualmente interessantes e importantes, como zoologia, botânica, geologia e geografia. Dessa forma, a ciência pode se dividir em temáticas diferentes, como a Paleoecologia, Paleobiogeografia, Paleoetologia, Paleobotânica e Paleozoologia.
Ramos da paleontologia
- Paleoecologia: é a interação de seres vivos que já foram extintos com o ambiente. Isso porque ao decorrer do processo de fossilização, muitas informações sobre esses seres foram perdidas, o que prejudica a colega de dados sobre a ecologia. Assim, a paleoecologia tenta reconstruir a trajetória de vida dos organismos ao longo da história geológico.
- Paleobiogeografia: trabalha com a distribuição de grupos de seres representados por fósseis por meio da biogeografia.
- Paleoetologia: é o estudo do comportamento dos fósseis.
- Paleobotânica: investiga organismos vegetais preservados em rochas sedimentares, por meio de restos vegetais fossilizados. A ideia é reconstruir a história das plantas.
- Paleozoologia: tem foco no estudo de fósseis de animais, assim como a ecologia e a relação da evolução entre esses seres.
Como se formam os fósseis?
Principal objeto de estudo da paleontologia, o fóssil se caracteriza como restos ou vestígios de seres vivos que viveram há muitos anos e acabaram preservados ou conservados depois de morrer. Os fósseis são encontrados em materiais de diversas formas, como folhas de plantas, ossos, conchas, dentes, ovos e pegadas, por exemplo.
O processo de fossilização precisa de condições bem específicas para acontecer. O material biológico necessita estar coberto por rocha sedimentar, tendo, assim, mais chances de fossilização. Dessa forma, não pode ficar exposto a seres decompositores ou chuva e calor. É comum também encontrar materiais em gelo e em âmbar de árvores.
Você tem ideia de como é feita a datação de um fóssil? Geralmente, é feita a partir do percentual já conhecido do Carbono-14 (C14) em comparação ao Carbono-12 (C12) da matéria viva, sem decomposição. Por exemplo, após a morte de um ser vivo, começa a redução da quantidade de C14, por meio da desintegração radiativa. A partir daí, é possível calcular o tempo de um fóssil. O processo tem muita química envolvida.
Existem sítios paleontológicos no Brasil?
Sim, atualmente, há 42 sítios paleontológicos em território brasileiro, descritos e aprovados pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP), com valor científico, educacional ou cultural.
Quatro deles também são reconhecidos como Monumentos Naturais: Monumento Natural do Vale dos Dinossauros, Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Tocantins, Monumento Natural de Peirópolis e Monumento Natural Sítios Geológicos e Paleontológicos do Cariri.
Onde o paleontólogo pode atuar no mercado de trabalho?
A principal carreira de um paleontólogo é a pesquisa em universidades. Muitas instituições possuem linhas de pesquisa com a temática, em departamentos diversos. A docência também é muito comum para quem se forma em Paleontologia, e várias faculdades no Brasil precisam de profissionais capacitados para dar aulas na área.
Além disso, pode trabalhar em sítios paleontológicos, sendo responsável por supervisionar os processos de escavação, onde se encontram os fósseis. Assim, o trabalho em tais parques é uma possibilidade real para o formado na área, assim como nos museus, em exposições e palestras.
Outra opção é atuar em empresas privadas na área biológica e geológica, ou mesmo em órgãos públicos de pesquisa, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Há, ainda, a possibilidade de ser divulgador científico na internet e em meios de comunicação, ou até mesmo consultor em produções audiovisuais, como filmes e séries. Aliás, essas produções sempre precisam saber quais as reais funções dos profissionais e como eles atuam, além de detalhes sobre o tema em questão.
Petróleo: novas possibilidades para o paleontólogo
Atualmente é comum a demanda de paleontólogos em empresas de exploração de petróleo. Quem é especialista em micropaleontologia (estudo de micro fósseis) pode ser contratado pela indústria para fazer estudos em camadas do pré-sal, por exemplo. Assim, ajuda a identificar petróleo em determinada região e se a qualidade é boa.
Com isso, o paleontólogo pode trabalhar em conjunto com geólogos, engenheiros de petróleo e oceanógrafos na busca pelo combustível fóssil. Vale lembrar que essa é uma das áreas mais procuradas e valorizadas dos últimos tempos, possuindo grande importância econômica.
Paleontologia e arqueologia: qual a diferença?
É comum confundirmos as duas. Afinal, imaginamos os profissionais em escavações e locais abertos e lidando com materiais do passado. Elas têm pontos em comum, com certeza, mas são diferentes em muitas coisas.
A paleontologia analisa objetos muito antigos, de mais de 10 mil anos atrás, enquanto a arqueologia lida com materiais mais recentes, relacionados a quando a raça humana passa a se organizar em sociedade.
Na prática, a primeira descobre os hábitos e idade de certa matéria biológica (animal ou vegetal), encontrada em uma escavação. Assim, analisa a peça e entende como aquele ser vivia e como se relacionava com seu meio. A segunda, por outro lado, compreende as estruturas sociais de civilizações antigas, a partir de vestígios históricos encontrados em pesquisas.
Enquanto uma estuda dinossauros ou plantas que viveram há muito tempo na Terra, a outra foca no Império Grego, Romano ou Egípcio, por exemplo.
Como me torno um paleontólogo?
E faculdade de paleontologia, existe? Se você quiser estudar essa área vai precisar se formar em Ciências Biológicas ou Geologia antes. Isso acontece porque no Brasil as universidades não oferecem uma graduação em Paleontologia, apenas especializações.
Sendo assim, se escolher Ciências Biológicas vai precisar estudar todos os assuntos relacionados à temática. Mesmo não sendo o que você esperava logo de cara, a graduação vai te dar bases muitos importantes para o seu futuro como paleontólogo. Além do mais, se escolher este caminho, terá noção básica em Geologia, matéria crucial no estudo da Paleontologia.
Caso prefira a graduação de Geologia, vai ter bases sobre as transformações e evoluções do planeta. Além do mais, verá também alguns itens relacionados à Biologia durante a faculdade. Convenhamos que vai ajudar muito na hora de se especializar.
Depois de formado, você consegue iniciar uma pós-graduação e até se tornar mestre e doutor na temática. O legal é que existem muitas universidades com os cursos de Biologia e Geologia no país. É só escolher a melhor para você, seja particular ou pública.
Outra opção é buscar uma graduação no exterior, em países com excelentes universidades como Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e Austrália.
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Perfil de um paleontólogo
A paleontologia exige concentração e estudo. É um tema complexo e, por isso, demanda horas de dedicação do aluno. Além disso, ela é multidisciplinar. Você vai precisar compreender assuntos relacionados à Biologia, Geologia, Geografia, Matemática, Química e Física. Vai precisar dominar as técnicas de datação e conservação de fósseis, por exemplo.
É preciso se esforçar para se formar e conseguir emprego. Como exige muito do profissional, é necessário pró atividade e bom raciocínio lógico. Isso sem falar de afinidade com a vida acadêmica e escrita científica. Uma vez paleontólogo, elas serão constantes na sua vida.
Por outro lado, o profissional tem muito contato com o ar livre e natureza. Então se você gosta de um cenário fora de escritórios, será uma ótima opção para você. Outra vantagem é a possibilidade de viagens para lugares diferentes. Ser curioso, atento, organizado e criativo também pode ajudar na sua caminhada.
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Paleontologia é a sua escolha?
Uma vida cheia de desafios e descobertas te espera, caso escolha essa área. Afinal, já pensou no quanto ainda podemos descobrir sobre o planeta? São muitas possibilidades! Ser cientista lhe dá a chance de mudar o mundo e como entendemos nossa sociedade. Por isso, pense com carinho.
Mas saiba que é uma caminhada longa até chegar no seu objetivo. Infelizmente, as universidades não oferecem graduação em Paleontologia, por isso será preciso passar por especializações. Ainda assim, um caminho cheio de aprendizados o espera.
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