Idealizado lá no início dos anos 1990, o Enem, ou Exame Nacional do Ensino Médio, tinha como objetivo avaliar o desempenho dos alunos no Ensino Médio. Hoje, 20 anos depois, é muito mais que somente um método de avaliação. É a principal forma de se entrar em uma universidade no Brasil. E você conhece a história do Enem? Sabe como tudo começou? O Vai de Bolsa conta como foi que tudo aconteceu.
Mas, antes, o que é o Enem?
O Enem hoje é considerado o maior vestibular do país. São dois dias de provas que qualquer pessoa que esteja no ensino médio ou já tenha concluído esse grau de formação pode realizar. Quem não se encaixa nesses requisitos pode se inscrever como treineiro, ou seja, não concorre a nenhuma vaga ou benefício, já que está fazendo o concurso somente para adquirir experiência.
Desde a primeira edição já se inscreveram mais de 90 milhões de pessoas, segundo o site do Ministério da Educação (MEC). Hoje, os resultados do Enem são usados como critério de seleção de 1.434 Instituições de Educação no Brasil.
Uma característica do exame é a transdisciplinaridade. Cada prova formula questões que dependem do uso de duas ou mais disciplinas aprendidas no ensino médio para obter sua resposta. As quatro provas aplicadas são: Ciências Humanas e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (em que estão as provas de língua estrangeira e a redação), Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias.
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História do Enem
Maria Inês Fini, que foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) de maio de 2016 até o início de 2019, foi quem idealizou a prova.
A intenção era criar um teste nacional diferenciado, que avaliasse a última etapa da educação básica, principalmente nas escolas públicas. Essa avaliação serviria para traçar políticas públicas governamentais.
O propósito era melhorar a educação através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do Ensino Médio e Fundamental.
Outra função do Enem era a avaliação do currículo do Ensino Médio brasileiro, bem como a elaboração de possíveis mudanças.
Primeira prova do Enem
Em 1998 começou a história do Enem. Foi aplicada a primeira prova durante o governo Fernando Henrique Cardoso, na gestão do então ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Foram 157.221 inscritos e 115.575 participantes. Eram 63 questões aplicadas em apenas um dia de prova. Somente duas Instituições de Ensino Superior (IES) utilizavam seus resultados.
Em 1999 já eram 93 IES. Já no ano de 2000 começaram os atendimentos às pessoas com necessidades específicas. Foram 376 pessoas naquele ano. Também as provas começaram a ser aplicadas por observadores indicados pelas Secretarias Estaduais de Educação e credenciadas pelo INEP.
Em 2004 o Programa Universidade para Todos (ProUni) começou a utilizar as notas do Enem para concessão de bolsas de estudo parciais ou integrais. Naquele ano já eram 1.552.316 inscritos. Essa novidade fez com que em 2005 passassem a ser 3.004.491 inscritos. Também começaram a divulgar as notas por escola.
Chegou 2008, 10 anos do primeiro exame. O Enem já era o processo nacional de seleção para ingresso na Educação Superior e certificação do Ensino Médio. Foram 4.018.050 inscritos naquele ano e a prova foi aplicada em 1437 municípios.
Nasce um novo Enem
Um marco da história do Enem foi 2009. “Nasce um novo Enem”, segundo o site do INEP. Essas mudanças aconteceram durante a a gestão do ministro da Educação Fernando Haddad, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma das principais mudanças foi a unificação do concurso vestibular das universidades federais brasileiras. É criado o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e o Enem muda de formato.
A prova passa a ter 180 questões objetivas. São 45 questões para cada área de conhecimento, mais a redação. As provas passam a ser aplicadas em dois dias.
Também foi adotada nesse ano a Teoria da Resposta ao Item (TRI) na formulação da prova. Essa teoria permite que as notas obtidas em edições diferentes do exame sejam comparadas. Assim, essas notas podem até mesmo ser utilizadas para ingresso nas instituições de ensino superior.
Nesse ano também as Matrizes de Referência são reformuladas com base nas Matrizes de Referência do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Porém, apesar de tantas mudanças positivas, foi nesse ano que houve o primeiro vazamento de provas no Enem. Os cadernos das provas foram furtados em uma das gráficas que as produziram. Às vésperas do teste, o MEC teve de adiar em dois meses a aplicação das provas. Esse fato fez com que a segurança fosse mais observada. Inclusive, na ocasião, algumas das universidades que usariam a nota do Enem como critério de seleção preferiram não fazê-lo.
Daqui para a frente, muitas mudanças
Em 2010, o INEP começou a coletar dados sobre pessoas com deficiência ou alguma condição específica. Mais de 35 mil pessoas se inscreveram declarando alguma necessidade. Nesse ano o Programa de Financiamento Estudantil (FIES) começou a adotar o resultado da prova. Nesse ano, também outro problema: dados dos inscritos no concurso vazaram na internet.
2012 foi o ano em que os integrantes de famílias de baixa renda com Número de Identificação Social (NIS), renda de até meio salário mínimo por pessoa ou renda familiar mensal de até três salários mínimos passaram a ter isenção da taxa de inscrição devido ao Decreto 6135/2007. Com a adoção dessa resolução, 70% das inscrições foram isentas. Em 2012 também foi incluído um terceiro corretor para a redação. Essa atitude visava reduzir as discrepâncias entre as notas de apenas dois corretores.
Em 2013 praticamente todas as IES públicas estavam usando a nota do Enem como critério para seleção. A nota também começou a ser usada para ingresso no programa Ciências sem Fronteiras. Já em 2014, duas universidades de Portugal também começaram a aceitar a nota do Enem.
2016 foi o ano em que aumentaram bastante as questões com segurança. Dados biométricos e detectores de metais na entrada dos exames exemplificaram essas mudanças. Também foi criada A Hora do Enem, com videoaulas e simulados para ajudar o aluno a se preparar para o exame, em parceria com a TV Escola. Já em 2017 as provas começaram a ser realizadas em dois domingos consecutivos, sendo a redação no primeiro dia. A prova passou a ser personalizada com o número e nome do candidato impressos nas provas. Foi feita pela primeira vez a videoprova em libras para candidatos surdos e deficientes auditivos.
O Enem comemora 20 anos
Em 2018, a história do ENEM comemorou 20 anos. Por conta de mudanças no pedido de isenção, 2018 foi a prova com menos faltantes desde 2009. A quantidade de universidades portuguesas que passaram a aceitar a prova como critério de seleção passou para 35 instituições.
Em novembro de 2018 a TV Escola produziu o documentário “Enem 20 anos: um exame do tamanho do Brasil”, que, segundo o portal do MEC, “conta a história, os desafios e a evolução do segundo maior exame de acesso ao ensino superior do mundo”.
Além disso, lançou de uma série educativa com cinco minidocumentários intitulados “Enem Bastidores”, cada um com duração de cinco minutos. Os cinco episódios são: A véspera do Enem, O X da Questão, A Preparação, A Correção e O Resultado. Cada um conta uma das etapas do exame com a história de um personagem diferente.
Em 2019, as provas do Enem serão aplicadas nos dias 3 e 11 de novembro. Foram mais de 5.095.308 inscrições, considerado o menor número de inscritos da década. Esse ano, os resultados do Enem serão usados para acesso a 1.434 Instituições de Educação no Brasil e 37 instituições em Portugal, segundo a Agência Brasil.
Haverá também uma redução de custos por meio de duas formas: diminuição das folhas para cálculos e substituição da tecnologia de coleta de impressão digital por uma mais barata, segundo o site Brasil Escola.
Os gabaritos da prova serão liberados em 13 de novembro. Os resultados saem em janeiro de 2020 para quem finalizou o Ensino Médio, e para quem não concluiu sairá em março.
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